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Keila Guajajara: ‘o voto em mulher indígena é a certeza de um futuro ancestral melhor’

Iniciativa da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) mapeou candidaturas de mulheres indígenas nas eleições de 2024

Por Beatriz de Oliveira

20|09|2024

Alterado em 20|09|2024

Uma iniciativa da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), chamada Bancada do Cocar, mapeou candidaturas de mulheres indígenas nas eleições de 2024. Ao todo, foram identificadas 135 candidatas de todos os biomas do país, comprometidas com os direitos dos povos originários. As candidaturas são divulgadas pela organização através de publicações nas redes sociais.

“Realizamos o mapeamento geral através do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), depois fizemos um processo de filtragem e estudo de estado por estado das candidaturas, que seguiam nossa linha de construção e mobilização e que iam de acordo com nossas pautas”, explica Keila Gadelha Guajajara, coordenadora de comunicação da ANMIGA e moradora de Estreito (MA). 

mulher indígena segurando celular

Keila Gadelha Guajajara é coordenadora de comunicação da ANMIGA

© Raissa Azeredo

As pautas citadas por Keila incluem a demarcação dos territórios indígenas, luta contra violência de gênero, justiça climática e biodiversidade.

A organização participa também da realização da “Formação Para Parlamentares Indígenas – Vozes da Terra”, voltada para candidaturas indígenas. “É um grande momento de fortalecimento dos nomes e corpos indígenas que se dispuseram a estarem pleiteando nessas eleições municipais de 2024”, diz um post da ANMIGA. O encontro é encabeçado pela deputada federal Célia Xakriabá e pela Frente Parlamentar Indígena.

Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostrou que, no pleito deste ano, as candidaturas indígenas tiveram alta de 14,13% em relação a 2020. Naquele ano, foram 2172 registros, e em 2024, 2479 registros. Houve aumento em todas as regiões.

O estudo também mostrou que de todas as candidaturas registradas neste ano, 1966 apontaram sua etnia, resultando em 176 ao todo, com destaque para o povo Kaingang, Tikúna e Makuxí; cada um com mais de uma centena de registros.

Keila destaca que a defesa da inserção de mulheres indígenas na política é importante para toda a população. “Nós, antes de adentrarmos essa política partidária, já defendíamos a vida, nosso território, nosso corpo, mas principalmente o planeta Terra como um todo. Votar em mulheres indígenas é extinguir o preconceito e o racismo enraizado e estruturado tanto dentro, quanto fora da política partidária. O voto em mulher indígena é a certeza de um futuro ancestral melhor”.